terça-feira, 20 de abril de 2010

Definindo a Geografia

Observe que estudamos diversas definições para o que possa ser entendido como Geografia. O mais importante é que se tenha a exata noção da diferença que existe entre as definições que estabelecmos para o rótulo Geografia, a disciplina e a ciência, e o Pensamento Geográfico, entendido como o estudo do que se refere ao espaço.

Na definição da Geografia, ciência e/ou disciplina, temos que ter a capacidade de diferenciar os distintos fundamentos teóricos e metodológicos que distinguem as diferentes definições. Não se trata apenas de um jogo de palavras, mas de fundamentos que vinculam estas difinições à diferentes postulados ou paradigmas.

Reflita sobre o tema e distinga Geografia e Pensamento Geográfico.

Conclua acerca de uma definição própria para a Geografia na atualidade dentro do paradigma crítico da Geografia.

domingo, 11 de abril de 2010

Origens e pressupostos da Geografia

O rotulo Geografia é antigo, sua origem remonta à Antiguidade Clássica. No pensamento grego já havia algumas perspectivas distintas de Geografia: uma com Tales e Anaximandro; outra com Heródoto. Sem contar naquelas discussões tidas como geográficas, mas que não apareciam com essa designação. Por exemplo, Hipócrates. Muitas vezes na obra de um mesmo autor, aparecem temas, hoje tidos como de Geografia, sem conexão entre elas, por exemplo, Aristóteles, com sua Física, Política, Meteorologia e com suas descrições regionais. Pode-se dizer que o conhecimento geográfico se encontrava disperso. Este quadro vai permanecer inalterado até o fim do século XVIII. Isto não quer dizer que não existiam autores que rotulavam seus estudos como Geografia. Basta pensar em Cláudio Ptolomeu, ou em Bernardo Varenius. Porém, ao analisar suas colocações observa-se que pouco ou nada têm em comum com o que depois foi considerado Geografia.
Designam-se Geografia: relatos de viagem, escritos em tom literário; compêndios de curiosidade, sobre lugares exóticos; áridos relatórios estatísticos de órgão de administração; obras sintéticas, agrupando os conhecimentos existentes a respeito dos fenômenos naturais; catálogos sistemáticos, sobre os continentes e os países do Globo etc. Nélson Werneck Sodré denomina esse período de "pré-história da Geografia".
A sistematização do conhecimento geográfico só vai ocorrer no início do século XIX. Estes pressupostos históricos da sistematização geográfica objetivam-se no processo de avanço do domínio das relações capitalistas de produção.
O primeiro destes pressupostos dizia respeito ao conhecimento efetivo da extensão real do planeta.
Outro pressuposto era a existência de um repositório de informações, sobre variados lugares da Terra.
Outro pressuposto para o aparecimento de uma Geografia unitária residia no aprimoramento das técnicas cartográficas.
Entretanto, existe outra classe de pressupostos, a dos referidos à evolução do pensamento.
Uma primeira valorização do temário geográfico vai ocorrer na discussão da Filosofia. Os autores que se dedicaram à Filosofia do Conhecimento, Kant ou Liebniz, enfatizaram a questão do espaço. Outros filósofos, como Hegel ou Herder, destacaram a questão da influencia do meio sobre a evolução das sociedades. Enfim, estas formulações trouxeram uma valorização do temário da Geografia.
Outra fonte da sistematização geográfica pode ser detectada nos pensadores politicos do iluminismo. Por exemplo, Rousseau e Montesquieu. Suas discuções enriqueceram a posição desfrutada pelos temas geográficos.
Também os trabalhos desenvolvidos pela Economia Política atuaram na valorização dos temas geográficos. Adam Smith e Malthus são frequentemente citados pelos sistematizadores do conhecimento geográfico, por suas teorias.
Finalmente, o temário geográfico vai obter o pleno reconhecimento de sua autoridade, com o aparecimento das teorias do Evolucionismo. São inúmeras alusões a Darwin e Lamarck, nas obras dos primeiros geógrafos.
Ao inicio do Século XIX, a malha dos pressupostos históricos da sistematização da Geografia já estava suficientemente tecida. As bases da ciência moderna já estavam assentadas.
A sistematização da Geografia, sua colocação como uma ciência particular e autônoma, foi um desdobramento das transformações operadas na vida social, pela emergência do modo de produção capitalista.
Os autores considerados os pais da Geografia, são os alemães- Humboldt e Ritter. É da Alemanha que aparecem os primeiros institutos e as primeiras cátedras dedicadas a esta disciplina.

Resumo do Resumo

O objeto da Geografia

O que é a Geografia? - parece simples, mas trata-se de um campo de conhecimento científico, em que existe uma grande polêmica. São atribuídas a Geografia múltiplas definições.
Alguns autores definem a Geografia como o estudo da superfície terrestre. Essa definição apoia-se no próprio significado de Geografia- descrição da Terra. Para Kant haveria duas classes de ciências, as especulativas, e as empíricas. Enfim, a ideia de descrição da superfície da Terra é aceita por uma grande parte do pensamento geográfico.
Outros autores vão definir a Geografia como o estudo da paisagem. Esta visão têm duas variantes: uma, mantendo a tônica descritiva, se deteria na enumeração dos elementos presentes e na discussão das formas. A outra, se preocuparia com o funcionamento da paisagem. Esta visão introduz a Ecologia no domínio geográfico.
Uma variação dessa proposta anterior, é de autores que propõem a Geografia como estudo da individualidade dos lugares. Em ambas as propostas, é a individualidade local que importa.
A definição da Geografia, como estudo da diferenciação de áreas é uma proposta que traz uma visão comparativa para o universo da análise geográfica.
Existem autores que buscam definir a Geografia como estudo do espaço. Tal concepção é minoritária e pouco desenvolvida pelos geógrafos, é muito vaga e encerra aspectos problemáticos. O principal deles é a necessidade de explicitar o que se entende por espaço. Esta visão da Geografia, enfatiza a busca lógica da distribuição e da localização dos fenômenos, a qual seria a essência da dimensão espacial. Entretanto, essa Geografia, só conseguiu se efetivar à custa de artifícios estatísticos e da quantificação.
Finalmente, alguns autores definem a Geografia como o estudo das relações entre o homem e o meio, ou, posto de outra forma, entre a sociedade e a natureza. Dentro dessa concepção aparecem, pelo menos, três visões diferentes: Alguns autores vão apreende-lo como as influências da natureza sobre o desenvolvimento da humanidade. Outros autores, mantendo a ideia da Geografia, como o estudo da relação entre o homem e a natureza. Assim invertem a concepção anterior, dando peso a explicação aos fenômenos humanos. Há autores que concebem como a relação em si, com os dados humanos e os naturais possuindo o mesmo peso. A discussão entre essas três visões do objeto, expressa o mais intenso debate do pensamento geográfico. Mas, em qualquer delas encontra-se a ideia de que a Geografia trabalha unitariamente, com os fenômenos naturais e humanos. Quase todo autor dá uma roupagem própria à sua concepção do objeto geográfico.
Também deve-se levar em conta que o painel abarcou somente as visões da Geografia Tradicional, isto é, não foram abordadas as propostas atuais vindas do movimento de renovação.
Do que foi dito, pode-se perceber a inexistência de um consenso a respeito da matéria tratada pela Geografia.

sábado, 10 de abril de 2010

O Positivismo como fundamento da Geografia Tradicional

É nesta concepção filosófica e metodológica que os geógrafos vão buscar suas orientações gerais. Os postulados do positivismo vão ser o patamar sobre qual se ergue o pensamento geográfico tradicional, dando-lhes unidade.
Para o positivismo, os estudos devem restringir-se aos aspectos visives do real, mensuráveis, palpáveis. Como se os fenômenos se demonstrassem diretamente ao cientista, o qual seria mero observador. Tal postura aparece na Geografia através da máxima- "a Geografia é uma ciência empírica, pautada na observação" presente em todas as correntes dessa disciplina.
O homem vai aparecer como um elemento a mais da paisagem, como um dado do lugar, como mais um fenômeno da superfície da Terra. Dai a Geografia falar sempre de população e tão pouco em sociedade. Na verdade, a Geografia sempre procurou ser uma ciência natural dos fenômenos humanos. Isto se expressa, por exemplo, na colocação de J. Brunhes de que para a Geografia, a casa tem maior importância do que o morador. Ou, na afirmação de C. Vallaux, de que o homem importa, para analise geográfica, por ser um agente de modelagem do relevo, por sua ação como força de erosão. Tal perspectiva naturalista na busca da compreensão do relacionamento entre homem e a natureza, sem se preocupar com a relação entre homens por esta disciplina. Desta forma, o humano, representado nas relações sociais, fica fora do seu âmbito de estudos.
Alem de se apoiar nestas, a continuidade do pensamento geográfico também se sustentou à custa de alguns princípios elaborados no processo de constituição dessa disciplina, são eles: principio da unidade terrestre, principio da individualidade, principio da atividade, principio da conexão, principio da comparação, principio da extensão e principio da localização.
As máximas e princípios são os responsáveis pela unidade e continuidade da geografia.

O objeto da Geografia

O que é a Geografia? - parece simples, mas trata-se de um campo de conhecimento científico, em que existe uma grande polêmica. Apesar do rótulo Geografia ser antigo, e qualquer um poderia dar uma explicação de seu significado, em termos científicos há uma intensa controvérsia sobre a matéria dessa disciplina. Isto aparece nas múltiplas definições que lhe são atribuídas.
Alguns autores definem a Geografia como o estudo da superfície terrestre. Esta é a de maior vulto e de maior vaguidade. Pois a superfície da Terra na permite ser estudada apenas por uma disciplina. Essa definição apoia-se no próprio significado de Geografia- descrição da Terra. Assim caberia aos estudos geográficos descrever tudo o que aconteceria na superfície do planeta, sendo um tipo de síntese de todas as ciências. Esta concepção vem das formulações de Kant. Para Kant haveria duas classes de ciências, as especulativas, apoiadas na razão, e as empíricas, apoiada na observação e nas sensações. Nas empíricas, haveria duas disciplinas de síntese, a Antropologia e a Geografia. A tradição kantiana põe a Geografia como uma ciência que trabalha com dados de toas as outras,descritiva e que visa abranger uma visão de conjunto do planeta. As maiores polemicas causadas pela corológica, falam sobre o significado do termo superfície terrestre. Alguns autores vão falar de biosfera; outros, em crosta terrestre, encobrindo, com a discussão termino lógica, a vaguidade desta definição. Enfim, a ideia de descrição da superfície da Terra é aceita por uma grande parte do pensamento geográfico.
Outros autores vão definir a Geografia como o estudo da paisagem. A paisagem colocada como um objeto da Geografia, é vista como uma associação de múltiplos fenômenos, o que preserva a concepção de ciência de síntese. Esta visão têm duas variantes: uma, mantendo a tônica descritiva, se deteria na enumeração dos elementos presentes e na discussão das formas. A outra, se preocuparia com o funcionamento da paisagem. A visão da morfologia apresenta: o capitulo inicial da obra de Humboldt Cosmos: "Dos graus de prazer que contemplação da natureza pode oferecer", e Goethe. Caberia observar o horizonte contido pela visão do investigador, e desta contemplação adviria a explicação. A visão da fisiologia da paisagem vai se fundamentar da Biologia, principalmente na ideia de organismo. Á Geografia caberia buscar as inter-relações entre os diferentes fenômenos que existem numa certa porção do espaço terrestre. Esta visão introduz a Ecologia no domínio geográfico.
Uma variação dessa proposta anterior, é de autores que propõem a Geografia como estudo da individualidade dos lugares. O estudo geográfico deveria conter todos os fenômenos que estão numa dada área,com a meta de compreender o carácter singular de cada porção do planeta. Em ambas as propostas, é a individualidade local que importa. Esta perspectiva viriam de autores da Antiguidade Classsica, como Heródoto ou Estrabão, que realizaram estudos mostrando os traços naturais e sociais das terras que andaram. Modernamente essa perspectiva esta mais desenvolvida na Geografia Regional. Esta tem como objeto de estudo: a região- uma certa porção de espaço terrestre, passível de ser individualizada, em função de carácter próprio.
A definição da Geografia, como estudo da diferenciação de áreas é uma proposta que traz uma visão comparativa para o universo da análise geográfica. busca individualizar as áreas, tendo em vista comparálas com outras.
Existem autores que buscam definir a Geografia como estudo do espaço, este espaço seria passível de uma abordagem especifica, a qual qualificaria a análise geográfica. Tal concepção é minoritária e pouco desenvolvida pelos geógrafos, é muito vaga e encerra aspectos problemáticos. O principal deles é a necessidade de explicitar o que se entende por espaço. sem penetrar na polêmica, podem-se apontar três possibilidades: o espaço pode ser concebido como uma categoria do entendimento, isto é, toda forma de conhecimento efetivar-se-ia através de categorias, como tempo, grau, gênero, espaço etc. O espaço também pode ser concebido como um atributo dos seres, no sentido de que nada existiria sem ocupar um determinado espaço. Finalmente, o espaço pode ser concebido como um ser específico do real, com características e com uma dinâmica própria. Esta visão da Geografia, enfatiza a busca lógica da distribuição e da localização dos fenômenos, a qual seria a essência da dimensão espacial. Entretanto, essa Geografia, só conseguiu se efetivar à custa de artifícios estatísticos e da quantificação.
Finalmente, alguns autores definem a Geografia como o estudo das relações entre o homem e o meio, ou, posto de outra forma, entre a sociedade e a natureza. Dentro dessa concepção aparecem, pelo menos, três visões diferentes: Alguns autores vão apreende-lo como as influências da natureza sobre o desenvolvimento da humanidade. Outros autores, mantendo a ideia da Geografia, como o estudo da relação entre o homem e a natureza, vão definir-lhe como a ação do homem na transformação deste meio. Assim invertem a concepção anterior, dando peso a explicação aos fenômenos humanos. Há autores que concebem como a relação em si, com os dados humanos e os naturais possuindo o mesmo peso. A discussão entre essas três visões do objeto, expressa o mais intenso debate do pensamento geográfico. Mas, em qualquer delas encontra-se a ideia de que a Geografia trabalha unitariamente, com os fenômenos naturais e humanos. Quase todo autor dá uma roupagem própria à sua concepção do objeto geográfico.
Também deve-se levar em conta que o painel abarcou somente as visões da Geografia Tradicional, isto é, não foram abordadas as propostas atuais vindas do movimento de renovação, que domina o conjunto de pensamento geográfico contemporâneo. Isto mostra o quão complexo é o problema da definição da Geografia. A Geografia Renovada não se prende a uma visão tão estanque da divisão das ciências, não coloca barreiras tão rígidas entre as disciplinas, logo, não possui uma necessidade tão premente de formular uma definição formal do objeto.
Do que foi dito, pode-se perceber a inexistência de um consenso a respeito da matéria tratada pela Geografia.