O rotulo Geografia é antigo, sua origem remonta à Antiguidade Clássica. No pensamento grego já havia algumas perspectivas distintas de Geografia: uma com Tales e Anaximandro; outra com Heródoto. Sem contar naquelas discussões tidas como geográficas, mas que não apareciam com essa designação. Por exemplo, Hipócrates. Muitas vezes na obra de um mesmo autor, aparecem temas, hoje tidos como de Geografia, sem conexão entre elas, por exemplo, Aristóteles, com sua Física, Política, Meteorologia e com suas descrições regionais. Pode-se dizer que o conhecimento geográfico se encontrava disperso. Este quadro vai permanecer inalterado até o fim do século XVIII. Isto não quer dizer que não existiam autores que rotulavam seus estudos como Geografia. Basta pensar em Cláudio Ptolomeu, ou em Bernardo Varenius. Porém, ao analisar suas colocações observa-se que pouco ou nada têm em comum com o que depois foi considerado Geografia.
Designam-se Geografia: relatos de viagem, escritos em tom literário; compêndios de curiosidade, sobre lugares exóticos; áridos relatórios estatísticos de órgão de administração; obras sintéticas, agrupando os conhecimentos existentes a respeito dos fenômenos naturais; catálogos sistemáticos, sobre os continentes e os países do Globo etc. Nélson Werneck Sodré denomina esse período de "pré-história da Geografia".
A sistematização do conhecimento geográfico só vai ocorrer no início do século XIX. Estes pressupostos históricos da sistematização geográfica objetivam-se no processo de avanço do domínio das relações capitalistas de produção.
O primeiro destes pressupostos dizia respeito ao conhecimento efetivo da extensão real do planeta.
Outro pressuposto era a existência de um repositório de informações, sobre variados lugares da Terra.
Outro pressuposto para o aparecimento de uma Geografia unitária residia no aprimoramento das técnicas cartográficas.
Entretanto, existe outra classe de pressupostos, a dos referidos à evolução do pensamento.
Uma primeira valorização do temário geográfico vai ocorrer na discussão da Filosofia. Os autores que se dedicaram à Filosofia do Conhecimento, Kant ou Liebniz, enfatizaram a questão do espaço. Outros filósofos, como Hegel ou Herder, destacaram a questão da influencia do meio sobre a evolução das sociedades. Enfim, estas formulações trouxeram uma valorização do temário da Geografia.
Outra fonte da sistematização geográfica pode ser detectada nos pensadores politicos do iluminismo. Por exemplo, Rousseau e Montesquieu. Suas discuções enriqueceram a posição desfrutada pelos temas geográficos.
Também os trabalhos desenvolvidos pela Economia Política atuaram na valorização dos temas geográficos. Adam Smith e Malthus são frequentemente citados pelos sistematizadores do conhecimento geográfico, por suas teorias.
Finalmente, o temário geográfico vai obter o pleno reconhecimento de sua autoridade, com o aparecimento das teorias do Evolucionismo. São inúmeras alusões a Darwin e Lamarck, nas obras dos primeiros geógrafos.
Ao inicio do Século XIX, a malha dos pressupostos históricos da sistematização da Geografia já estava suficientemente tecida. As bases da ciência moderna já estavam assentadas.
A sistematização da Geografia, sua colocação como uma ciência particular e autônoma, foi um desdobramento das transformações operadas na vida social, pela emergência do modo de produção capitalista.
Os autores considerados os pais da Geografia, são os alemães- Humboldt e Ritter. É da Alemanha que aparecem os primeiros institutos e as primeiras cátedras dedicadas a esta disciplina.